TARADOS À SOLTA! CASOS DE ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS AUMENTAM 9% NO AMAZONAS, DIZ SSP
Jhuliany Souza da Silva, de 7 anos, foi
estuprada e morta por um vizinho, na Zona Norte de Manaus
Nos primeiros quatro meses de 2016, foram
registrados 285 casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes
no Amazonas, um aumento de 9% na comparação com o mesmo período do ano passado,
segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).
No ano passado foram registrados 757 casos de
abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes no estado. A maioria, 511,
foi vítima de estupro.
Nesta semana em Manaus, a agressão e a
violência sexual contra um bebê de um ano e quatro meses gerou comoção na
capital amazonense. O menino está com hematomas em todo o corpo provocados por
mordidas, inclusive nos órgãos genitais. Um adolescente de 17 anos, namorado da
mãe da criança, confessou o crime. Ele foi apreendido. A mulher, que tem 22
anos, foi presa por omissão.
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Outro caso de violência e abuso sexual também
ganhou repercussão em Manaus. Uma menina de 7 anos desapareceu na porta de
casa. Três dias depois o corpo dela foi encontrado enterrado no quintal de uma
residência vizinha. O acusado do assassinato morava no local e era conhecido da
família. Ele também foi preso.
Familiares ou conhecidos
Segundo a delegada Juliana Tuma, crimes como
esses são registrados todos os dias na Delegacia Especializada em Proteção à
Criança e ao Adolescente. A maioria deles é cometida por familiares ou pessoas
próximas às vítimas.
“Geralmente o agressor, independentemente do
crime, no que pertine a crianças e adolescentes, é alguém de confiança e de
relação de dependência emocional com a vítima. Às vezes, o agressor não tem só
a confiança da vítima, mas a confiança dos pais para isso”, disse a delegada.
Para a psicóloga Dilza Santos, é importante
que pais ou responsáveis fiquem atentos aos sinais que podem indicar a
ocorrência desses crimes. Um deles é a mudança de comportamento.
“O primeiro traço forte que a criança dá é o
isolamento. Aquela criança que brincava sempre, tava sempre sorrindo e agora
está quietinha, não quer brincar com ninguém. Eu toco nela e ela fica
assustada, não me olha mais nos olhos. Você percebe uma tristeza muito grande,
ela quase não fala, tem problema de insônia. Observar também quando tiver
fazendo a higiene dessa criança se tem dor, se tem marcas”, disse.
Apoio psicológico
De acordo com a psicóloga, as crianças
vítimas desses crimes precisam receber atendimento psicológico, inclusive as
que ainda são muito pequenas, como é o caso do bebê de um ano e quatro meses.
“Mesmo que essa criança se desenvolva, vá ter
uma infância com uma família que vai dar carinho para ela, de alguma forma lá
na frente esse trauma vai ser manifesto. Aí cabe a um profissional ficar
acompanhando essa vítima, para que observe o comportamento dela. De repente,
podem surgir fobias de algo que relembre esse fato, esse momento de dor que ela
passou”, diz a psicóloga.
O conselheiro tutelar Marcos Lima, que
acompanha o bebê citado na reportagem, reforça a importância das denúncias para
o combate a esses crimes. “Existe, no nosso ponto de vista, muitas pessoas que
ainda tem muito receio, um pouco de cuidado de denunciar. O que nós pedimos é
que as pessoas tenham um pouco de confiança nas instituições, porque com uma
simples denúncia a gente pode livrar, tirar uma criança de uma situação
semelhante a que essa criança passou. Não precisa ter o fato, basta ter a
suspeita. Comunica para a gente, que a gente vai tomar as providências”, disse
o conselheiro.
Denúncias de crimes contra crianças e
adolescentes e outros tipos de violação de direitos humanos podem sem feitas no
Disque 100.
Fonte: Agência Brasil