BRASIL: Renan vai ignorar decisão de Maranhão e prosseguir com impeachment de Dilma
Em encontro na residência oficial do Senado, peemedebista sinalizou a
pessoas próximas que não vai levar em conta a manifestação do presidente
interino da Câmara que ordenou uma nova votação pelos deputados
BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), vai ignorar a decisão do presidente interino da
Câmara, Waldir Maranhão (PMDB-MA), de anular a votação dos deputados
que, no dia 17 de abril, admitiram a abertura do processo de impeachment contra
a presidente Dilma Rousseff.
Em encontro na residência oficial do Senado nesta
segunda-feira, 9, o peemedebista sinalizou a pessoas próximas que não vai
levar em conta a manifestação do presidente interino da Câmara que ordenou uma
nova votação pelos deputados.
O
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)
Aliados que estiveram com Renan dizem que ele foi
pego de surpresa pela decisão de Maranhão. Mas o presidente do Senado deverá
anunciar ainda nesta segunda em plenário que não há mais como atender o recurso
da Advocacia-Geral da União para voltar o caso para a Câmara porque o pedido já
foi aprovada por aquela Casa por decisão colegiada.
Dessa forma, o presidente do Senado pretende manter
a votação prevista para quarta-feira, 11, da instauração do processo contra
Dilma com o consequente afastamento da petista. A partir das 16
horas, Renan deve ler a sua decisão rechaçando Maranhão e
confirmando a votação em desfavor da presidente para daqui a dois dias.
Renan chamou à residência oficial o secretário-geral
da Mesa do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, para discutir os
termos da decisão que ele lerá em plenário. “O Maranhão perdeu o juízo e o
Renan restabeleceu-o”, disse um aliado direto de Renan que o visitou mais
cedo.
Lira. Ao chegar para o encontro, o senador Raimundo
Lira (PMDB-PB), que é presidente da Comissão Especial do Impeachment no
Senado, garantiu que "não há razão jurídica" para que o processo
de impeachment não siga transcorrendo normalmente. "A decisão da Câmara foi
equivocada, pois a sessão de admissibilidade seguiu rigorosamente o rito
determinado pelo Supremo", disse.
Ele afirmou, ainda, que Cunha, naquela ocasião,
"gozava de todas as atribuições constitucionais como presidente da
Câmara". "Foi uma decisão que tumultou o País, a economia brasileira
e o processo político. Não foi bom para o Brasil", criticou.
Lira esclareceu que não foi ele, na condição de
presidente da comissão especial, quem solicitou consulta à Câmara. "Apenas
encaminhei solicitação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Para o senador, a decisão de Waldir Maranhão de
anular o processo "não tem eficácia" e que a tramitação
"pertence totalmente ao âmbito do Senado".
Depois de Lira, o líder do governo no Senado,
Humberto Costa (PT-PR), também chegou à residência oficial, mas não se
manifestou. Devem estar presentes também o secretário-geral da Mesa do
Senado, Luiz Fernando de Melo, e o líder do DEM na Casa, Ronaldo Caiado (GO).
'Segue o rito'. Segundo apurou o Estado, Renan foi
aconselhado por aliados a prosseguir com o processo de impeachment na Casa e
"ignorar" a decisão tomada por Maranhão.
Um interlocutor disse a Renan que o melhor é seguir
com o rito no Senado por entender que a Câmara já tomou sua decisão, pelo
plenário da Casa, pela admissão da abertura do processo. Essa pessoa próxima a
Renan disse que os argumentos usados por Maranhão para invalidar a votação já
foram superados.
Por isso, disse esse interlocutor, o Senado tem que
manter a leitura, nesta segunda, do parecer aprovado pela comissão
especial na última sexta-feira e, em ato contínuo, votar o afastamento de Dilma
na quarta-feira, 11, seguindo os dois dias de prazo regimental para realizar a
votação em plenário.
Fonte: O Estadão de SP