O que a máfia milionária que boicota a BR-319 tem a ver com Amazonino Mendes e o empresário 'Passarão'?
08/12/2015 | 23:25
Não é de hoje que se denuncia a existência de uma
poderosa máfia, envolvendo políticos e empresários do Norte e do Sudeste,
contrária à restauração da BR-319, que ligaria as cidades de Manaus, Boa Vista
e de Porto Velho aos mercados do Sul do País, dinamizando consideravelmente as
atividades e os negócios das empresas que operam na Zona Franca de Manaus.
Por meio do aplicativo Watshapp, internautas que
interagem em um grupo denominado “BR 319, Queremos o Brasil2” reacendem
denúncias contra o lobby mafioso que trava a importante rodovia. Na semana
passada, o grupo soltou o verbo em cima de ninguém menos que o ex-governador do
Amazonas e ex-prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PDT), que seria um dos
interessados no boicote à rodovia.
“O Amazonino não pode chegara
comandar o Amazonas nem como prefeito e muito menos como governador”, disparou
um internauta, esconjurando um possível retorno do “Negão” à disputa eleitoral
em 2016 ou 2018, apesar da sua idade avançada.
Segundo o internauta, Amazonino seria
um dos grandes beneficiados com a “máfia da navegação” que trava a BR e teria
como “testa de ferro” o empresário José Ferreira de Oliveira, o 'Passarão',
dono do porto Chibatão, encarregado de incrementar pomposos negócios pelo Rio
Madeira. “Vocês sabem quanto uma balsa fatura em uma viagem só de ida pra Porto
Velho? R$ 240 000,00. São 80 carretas que levam em duas balsas acopladas em um
só rebocador”, diz o internauta, que reside em Manaus.
PF precisa
investigar
Para o internauta denunciante, a Polícia
Federal, mais do que nunca, precisa investigar a máfia que há anos impede as
obras de restauração da BR-319 em um trecho de 400 quilômetros ente Manaus e
Porto Velho.
“É por isso que eu digo que a Polícia
Federal tem que investigar ligações desse tipo de gente que são lobbystas
contra a BR 319, que solta muita grana para órgãos ambientais e talvez até pro
DNIT, precisamos ficar de olho”, critica o internauta.
Omar
enfrenta a máfia
No Congresso Nacional, o senador Omar Aziz
(PSD-AM) é um dos mais açodados críticos da máfia que se empenha há mais de 20
anos para brecar a BR-319 e inviabilizá-la para o tráfego de veículos.
"É necessário que possamos
imediatamente autorizar o asfaltamento da BR-319. Não é justo o que se faz com
o Brasil e com o povo do Amazonas e de Roraima. Hoje temos tecnologia
suficiente para que possamos investigar cuidar e tratar as nossas florestas com
o devido cuidado que elas merecem", disse Omar em recente discurso.
Na ocasião, ele atacou o lobby contra a
rodovia, atirando mísseis na direção das empresas de transporte hidroviário que
não querem perder mercado e travam a BR.
Fecomércio
também dispara
A exemplo do senador Omar Aziz, a Federação
de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM) também
tem encarado a máfia contrária a rodovia.
Segundo um dos dirigentes da
entidade, Aderson Frota, o lobby possui ligações com grupos empresariais do
Sudeste que possuem “laranjas” em Manaus para intermediação de seus lucrativos
negócios.
21 milhões
por ano...bela viola!
Outro político que lucra até as montanhas
da Lua com os negócios envolvendo a navegação via Rio Madeira, e, portanto, não
quer nem de brincadeira ouvir falar em BR-319 é o deputado Roberto Dorner
(PP-MT).
Ele explora transporte de
passageiros, veículos e cargas na navegação de travessia em três rodovias
federais na Bacia Amazônica e seu faturamento médio é da ordem R$ 60 mil por
dia ou R$ 21,6 milhões ao ano.
Com forte influência dentro do
Ministério dos Transportes, Dorner é muito ativo com suas balsas singrando as
águas do Madeira envolvendo as cidades de Porto Velho, em Rondônia, e Humaitá,
no Amazonas.
CNT -
estradas ruins
De acordo com a Confederação Nacional do
Transporte (CNT), as quatro estradas estratégicas para o desenvolvimento do
Amazonas são péssimas. São elas a AM-010, BR-174, BR-230 (Transamazônica) e
BR-319. Nem por isso o Governo Federal se empenha em favor da BR-319.