Médicos lançam abaixo-assinado pela saída do Ministro da Saúde
31 de
janeiro de 2016
A Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares
lançou nota em que pede a destituição do ministro da Saúde, Marcelo Castro. A
nomeação do titular da pasta foi alvo de protesto desde outubro do ano passado,
quando o médico e deputado federal piauiense pelo PMDB foi indicado para
assumir o cargo, no lugar do também […]
A Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares
lançou nota em que pede a destituição do ministro da Saúde, Marcelo Castro. A
nomeação do titular da pasta foi alvo de protesto desde outubro do ano passado,
quando o médico e deputado federal piauiense pelo PMDB foi indicado para
assumir o cargo, no lugar do também médico Arthur Chioro.
Um abaixo-assinado online reúne assinaturas para
pedir à presidente Dilma Rousseff a substituição do ministro.
Nas últimas semanas, a resistência dos movimentos
pela reforma psiquiátrica à nomeação de Valencius Wurch como coordenador da
Política de Saúde Mental – que já foi diretor de manicômio – e a epidemia do
zika vírus no Brasil fizeram crescer as críticas ao trabalho de Castro no
ministério.
“Passados poucos meses no comando da Saúde, o
ministro demonstra claramente sua incapacidade técnica e política para exercer
o cargo”, diz a nota da Rede.
Na avaliação dos médicos populares, “o SUS
enfrenta problemas já crônicos de financiamento e gestão – agravados pela crise
econômica que o país atravessa nos últimos anos”, e agora encara um ministro
que “representa o atraso na política pública de saúde, tão arduamente
conquistada pelo povo brasileiro na Constituição de 1988”.
Abaixo a íntegra da nota.
Nota pública pela destituição do
ministro da Saúde Marcelo Castro!
Nós, profissionais de saúde, cidadãos e
cidadãs abaixo-assinados, viemos por meio desta carta solicitar a imediata
destituição do ministro da Saúde, o senhor Marcelo Castro. Desde que assumiu o
comando de uma das pastas de maior importância da área social, muitos já sabiam
de sua baixa capacidade técnica para ocupar o cargo e que o ministério foi
utilizado como moeda de troca nas negociações entre governo e parlamento. Este
fato não passou despercebido e várias entidades e movimentos da área da saúde
denunciaram as possíveis consequências deste ato.
Passados poucos meses no comando da Saúde, o
ministro demonstra claramente sua incapacidade técnica e política para exercer
o cargo. Um dos maiores erros foi com a nomeação do coordenador da Política de
Saúde Mental, Valencius Wurch. O médico é conhecido na comunidade médica como
defensor das instituições totais nos cuidados psiquiátricos – os antigos
manicômios – e representa um retrocesso de décadas nas políticas públicas na
área de saúde mental. A indicação dele foi criticada por centenas de
acadêmicos, movimentos sociais e milhares de trabalhadores e usuários de saúde
no país, resultando numa imensa caravana à Brasília, ocupação do Ministério da
Saúde e vários atos públicos nos estados pedindo seu afastamento. Sabe-se que
Valencius foi indicação própria do ministro da Saúde, que tem fortes relações
com o campo mais atrasado da comunidade científica da área de saúde mental.
Recentemente, com a epidemia do Zika vírus o
senhor Marcelo Castro vem colecionando fatos a cada dia que nos deixam
estarrecidos. Primeiro com sua – agora célebre – frase de que iria “torcer para
que as mulheres se infectem com o Zika antes de engravidar” e depois com a sua
declaração de que o Brasil está perdendo a batalha contra o vírus, demonstrando
sua total falta de comando e conhecimento para liderar a Saúde de nosso País.
Não é possível que diante de uma das mais graves epidemias que acomete o Povo
Brasileiro seja esta a resposta do representante do governo.
O SUS enfrenta problemas já crônicos de
financiamento e gestão – agravados pela crise econômica que o país atravessa
nos últimos anos –, crescente precarização dos serviços públicos, privatização,
escândalos envolvendo as organizações sociais em vários estados que tem
ocasionado demissões em massa de trabalhadores de saúde, falta de medicamentos
e tantos outros problemas que não caberiam nesta nota, para ter que lidar com o
fato de ter um Ministro que representa o atraso na política pública de saúde,
tão arduamente conquistada pelo povo brasileiro na Constituição de 1988.
Este é o resultado de envolver as políticas
sociais em trocas fisiológicas em nome da governabilidade. Vários movimentos
alertaram à Presidenta Dilma Rousseff sobre isto, mas a escolha foi de rifar a
saúde, entregar para quem não tem compromisso com a Saúde do Povo Brasileiro.
Diante disso, exigimos que a Presidenta Dilma
Rousseff destitua do cargo o atual Ministro da Saúde e nomeie um quadro com
capacidade técnica e política para lidar com uma das maiores crises que
passamos na saúde dos brasileiros e das brasileiras em várias décadas, que seja
comprometido/a com o Sistema Público integral, equânime e universal e que deixe
as práticas atrasadas e autoritárias de saúde mental num lugar de onde elas não
devem sair jamais: nos livros de história, apenas para nos lembrar do que nunca
mais repetir!
Manicoré em Foco
Fonte: Portal do Movimento com Brasil 247