Manicoré A terra dos Bacuraus
Isolado via terrestre pela falta da reativação da Transamazônica,
município está em plena ascensão -
Por Yalle Dantas
Diário da Amazônia (Porto Velho - RO) -
Manicoré é um município amazonense localizado ás
margens do rio Madeira. Faz divisa entre as capitais: Porto Velho e Manaus.
Esse ano completou 137 anos de criação e atualmente conta com pouco mais de 50
mil habitantes. Os moradores da região são popularmente conhecidos por
bacuraus, pássaros, que segundo a historiadora e secretária de Cultura do
Município, Madalena Nascimento “ passam em revoada pela cidade sempre ao mês de
maio. Pela lenda também é conhecido como o ave protetora da população
manicoreense”, garante.
Mas quem acha que o povo manicoreense não gosta
do apelido bacurau está enganado. Assim como os quase dez mil bacuraus
residentes em Porto Velho ( conforme dados da Associação dos Manicoreense
residentes em Rondônia) e, outros milhares morando em Manaus e outros tantos
locais do País, todos garantem que adoram o apelido.
100% bacurau
“Sou 100% bacurau. Minha cidade é tudo de bom. Eu
amo Manicoré. Nossa cidade é pequena, porém conta com ótima infraestrutura e
com suas belezas naturais, que são incríveis”, diz todo orgulhoso o funcionário
público Enderson Prestes Reis, de 46 anos, um dos cinco filhos da professora
aposentada Luzia Prestes, figura conhecida em toda cidade por ter criado o
Forró da Luzia, há 46 anos, uma das festas mais tradicionais de Manicoré.
“É um povo hospitaleiro. Maravilhoso”, diz uma
das coordenadoras educacionais do município, Rutinara Neves.
Interiorana
A cidade é típica do interior. Igrejas construídas
no século passado, praças. O por do sol é deslumbrante. Manicoré é isolada por
via terrestre. A reativação da Br 364 ainda não passou de um sonho. Por isso a
BR dos manicoreenses é o rio Madeira. Tudo por lá sai ou chega via rio. Agora
recentemente, por avião. Poucos são os carros de grande porte. O transporte
mais usado é a bicicleta ou a motocicleta.
Mesmo isolado, município é exemplo a ser seguido.

São obras recém-entregues e a serem inauguradas por tudo que é canto.
“Manicoré é uma cidade em pleno desenvolvimento.
Amo minha terra. Fui pra fora, me formei em administração, mas decidi apostar
na economia crescente daqui e montei um lanche”, diz Diener Santana, que
recentemente inaugurou o K&K Lanchonete, uma das atrações da cidade.
Respeito pelo dinheiro público
Nossa equipe de reportagem foi conhecer o
prefeito da região, Lúcio Flávio (PSD-AM), que está em seu segundo mandato. Na
sede da Prefeitura, centenas de pessoas à espera. Ribeirinhos, moradores do
centro. Lúcio não costuma deixar de atender ninguém.
No momento de sua visita, uma reunião com todo o secretariado. O tema foi metas, prazos e apresentação dos trabalhos prestados. Questionado sobre como que um prefeito de um município pequeno consegue, em meio a crise econômica do país, inaugurar tanta obra, o chefe do executivo afirmou que “ é respeito com o dinheiro público. Aqui procuramos arrecadar e investir a verba pública na cidade, em obras, em tudo que beneficie o cidadão manicoreense”.
No momento de sua visita, uma reunião com todo o secretariado. O tema foi metas, prazos e apresentação dos trabalhos prestados. Questionado sobre como que um prefeito de um município pequeno consegue, em meio a crise econômica do país, inaugurar tanta obra, o chefe do executivo afirmou que “ é respeito com o dinheiro público. Aqui procuramos arrecadar e investir a verba pública na cidade, em obras, em tudo que beneficie o cidadão manicoreense”.
Educação
No mesmo dia visitamos uma escolinha pública
local. A secretária de Educação, Elda Gomes. Entregara centenas de kit escolar
(lápis, caneta, caderno, borracha, apontador). “As nossas crianças precisam.
Principalmente, as que moram nas zonas rurais. São muito carentes”, destacou.
“é muito bom receber um kit como este. Aqui todo mundo precisa. Tem muita gente
que não tem dinheiro pra comprar material escolar”, disse emocionada a aluna
Chaiene Batista Pimenta.
Também conhecemos o Barco Saúde, que realmente
funciona. Atende todas as zonas rurais do município com tratamento clínico
geral, odontológico, primeiros socorros. “Muitos não tem como vir a cidade.
Então conseguimos colocar em prática a Unidade de Saúde instalada em um barco,
com a ajuda dos governos Federal, Estadual). Destacou o titular da saúde do
município, Yuri Reis.
Isolada pela falta da reativação da BR
319
O município amazonense de Manicoré tem como maior
fonte de renda, a produção agrícola. A melancia é o carro chefe da localidade,
que produz cerca de dois milhões e meio da fruta por mês. O gerente de produção
da prefeitura municipal de Manicoré, Aldemário de Lana, explica que a
dificuldade maior é o escoamento. “Não temos BR, tudo é via rio. A venda dos
produtos agrícolas na cidade é pequena. Nossa venda maior é para Manaus. Se a
rodovia 319 estivesse funcionando seria melhor. Mas ao que tudo indica esse
sonho de reativação está chegando”, defende.
Melancia amarela.
Melancia amarela.

Aposentado deixa vida agitada de cidade
grande
Durante passeio na região central de Manicoré,
nossa equipe de reportagem encontrou um senhorzinho que chamou atenção. Com um
carrinho barulhento por sua buzina, todo colorido em com duas grandes panelas,
o aposentado José Santana da Silva, de 67 anos, não passa despercebido pela
cidade. “É munguzá, mingau de milho da região”. Vendo a R$ 2 e R$5. A renda é
boa. Sobre vivo com tranquilidade. Conta o aposentado, que largou o barulho de
grande cidade, Manaus, e decidiu morar na tranquila cidade dos bacuraus.
Tartarugas de 70 kg é o xodó de seu
Ademarzinho

Recebeu nossa equipe de reportagem com um
verdadeiro banquete com comidas regionais. Seu Ademar cuida e fala de seus
bichos de estimação como se fossem seus filhos de sangue. “Todos os dias têm
que alimentar. Tenho uma equipe que me ajuda. Não mato nenhum. Tenho pena”,
ressalta.
BR-319 está em obras e será
Reaberta

O acordo para recuperação da rodovia foi
construído depois da diligência, em uma audiência pública no dia 6 de dezembro,
com a participação do Dnit, Ibama e ICMBio. “Acordamos de que o Dnit poderia
realizar o serviço de manutenção e conserva da rodovia, para termos
trafegabilidade permanente, enquanto o processo de licenciamento é concluído”,
frisou Acir.
Acir Gurgacz disse que os trabalhos de recuperação foram iniciados em agosto do ano passado e que, segundo a superintendência do Dnit no Amazonas, até dezembro deverá ocorrer a reabertura da BR-319.
Acir Gurgacz disse que os trabalhos de recuperação foram iniciados em agosto do ano passado e que, segundo a superintendência do Dnit no Amazonas, até dezembro deverá ocorrer a reabertura da BR-319.
O trecho conhecido como o meião da floresta, ou
meião da rodovia, entre o Km 255, no Igapó-Açu, ao Km 655, no distrito de
Realidade (justamente os 405 quilômetros que aguardam a licença ambiental para
a reconstrução), está sendo completamente recuperado pelo DNIT, que dividiu as
obras em quatro lotes para execução de serviços de manutenção e conservação. O
custo das obras é de R$ 349 milhões e os contratos tem duração de 3 anos.
“Tudo indica que, com esses serviços, a BR vai
oferecer plenas condições de trafegabilidade em toda a sua extensão, sendo
possível sair de Porto Velho pela manhã e, ao final da tarde, chegarmos a
Manaus com nossas verduras e frutas que são produzidas no entorno de Porto
Velho, diminuindo o preço para os consumidores de Manaus e melhorando o preço
para os nossos produtores”, disse o senador.
O trabalho que está sendo feito no meião da
rodovia é de manutenção e conservação, incluindo a reforma das pontes de
madeira, a reconformação da plataforma da pista, a reciclagem de base, a
recomposição de aterros e dos locais com erosões que estavam interditados, e a
recomposição do revestimento primário.
Outro trecho que está em obras é o que compreende
os quilômetros 13, em Manaus e 198, no Careiro Castanho, com uma extensão de
185 quilômetros. O trecho que vai do quilômetro 198 ao 250, no Igapóa-Açu, numa
extensão de 52 quilômetros, é o único que está sem nenhuma intervenção, mas as
condições do asfalto são boas.
Localizado bem na Floresta Amazônica, realmente o
município manicoreense encanta por suas belezas naturais. O local é banhado
pelo rio Madeira, mas há o rio Atininga, que nasce e morre em Manicoré. O céu
azul, o verde da floresta, os pássaros e a água límpida do Atininga encantam.
Nossa equipe de reportagem percorreu
aproximadamente 15 minutos em voadeira pelo Atininga para conhecer o hotel
fazenda Caiauê, que ainda não foi inaugurado. O local encanta pela beleza
rústica. Tudo construído com galhos de árvores caídos da floresta. “Procuramos
colocar nos quartos, salas, cozinhas, tudo que lembra nossa floresta amazônica”,
disse a dona do local, Terezinha Jesus de Colares.
Flutuante Atininga encanta por suas
piscinas
Outro ponto turístico que encanta aos moradores
da região, de Manaus, Porto Velho, é o Atininga Solar. Construído com dezenas
de tambores de plástico, conta com estrutura artesanal toda feita de madeira.
Mas a atração principal fica por conta das duas piscinas naturais adulto e
infantil. “Meu pai teve esta ideia. Desenhou no papel e decidiu que local em
prática”, disse Leo Oliveira Paixão, filho do casal que cuida do
empreendimento.
“É um ambiente familiar. Vem muitas crianças.
Temos comidas típicas, som ao vivo e o preço é bem acessível”, disse a
empresária Ana Cristina Oliveira.
Mas o povo de Manicoré, conhecido por ser um povo
trabalhador também tem lá suas horas de lazer. Desde há muitos anos, a Terra
dos Bacuraus também vem ficando conhecida pela Cidade do Forró. Tudo começou
com a professora aposentada Luzia Prestes. Ela tem 77 anos e a 46 realiza uma
festa com seu nome, o Forró da Luzia, bem em frente à casa dela. Em dia de
festa a rua é interditada e no outro dia por decreto municipal é ponto
facultativo na cidade.
“Tudo começou quando dava aula para alunos
adultos que não sabia ainda escrever”. Era o antigo Mobral. Naquela época, não
se tinha muito entretenimento por aqui. Então tive a ideia de fazer uma festa
de forró. Aí ao longo deste ano a festa vem crescendo e pegou.
Texto escrito por: Yalle Dantas – Diário da Amazônia (Porto Velho – RO)
Fonte:
gc.com.br/noticias/diariodaamazonia/manicore-a-terra-dos-bacuraus/
Isolado via terrestre pela falta da reativação da Transamazônica,
município está em plena ascensão.