Câncer de próstata mata mais de 100 homens por ano no AM
Manaus - No mês em que se dedica um cuidado especial à saúde
do homem, o Novembro Azul, o grande número de pessoas, no Amazonas,
diagnosticadas com câncer de próstata chama a atenção. Segundo dados do
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do Ministério
da Saúde (MS), nos últimos cinco anos, 751 pessoas tiveram câncer de próstata,
no Estado, 604 morreram no período. De janeiro a agosto deste ano, 57 novos
casos já foram confirmados.
A capital do Amazonas, com 695 casos e que devido
aos recursos médicos e hospitalres disponíveis deveria apresentar a menor
incidência, é a líder no ranking da doença. Dos demais municípios, apenas Tefé
(11), Humaitá (5), Coari (5), Presidente Figueiredo (4), Manacapuru (3), Apuí
(3), Iranduba (3) Itacoatiara (2) e Caapiranga (2) apresentaram mais de um caso
de neoplasia do tipo.
Os números mostram, ainda, que os idosos na faixa
etária de 65 a 80 anos ou mais, com 505 diagnósticos, entre 2010 e 2015, foram
maioria entre os pacientes diagnosticados com a doença. Do total de idosos, 466
moravam em Manaus.
Com 180 casos de neoplasia maligna de próstata, o
ano de 2010 foi o que apresentou a maior incidência da doença, no Amazonas. O
ano de 2011 ficou em segundo lugar, com 178 casos; seguido por 2012 (146), 2013
(103) e 2014 (84).
Dos 84 homens que apresentaram a doença, no ano
passado, no Estado, 74 (88%) estavam na faixa etária de 60 a 80 anos ou mais.
Deste grupo, 61 (82,4%) moravam na capital. A resistência dos homens em
frequentar o médico regularmente é reforçada como uma das causas da grande
incidência de amazonenses com câncer, quando se observa que dos 84 pacientes
diagnosticados, apenas 16 (19%) moravam no interior.
Entre janeiro e agosto do ano passado, 58
diagnósticos de neoplasia maligna de próstata foram realizados nas unidades de
saúde públicas e privadas, do Amazonas, sendo 45 em Manaus.
De acordo com o Datasus, neste ano, de janeiro a
agosto, pelo menos sete homens por mês descobriram estar com câncer de
próstata, no Estado. Em apenas oito meses, já foram 57 diagnósticos, destes 51
na capital.
Os homens com idade de 60 a 80 anos ou mais figuram
como a maioria dos pacientes, 43 no total, destes 38 com residência fixa em
Manaus.
Mortalidade
Mas se o número de homens acometidos pelo câncer de
próstata, no Amazonas, preocupa, o índice de pacientes que morreram em
decorrência da doença é ainda mais alarmante. Disponibilizado pelo Datasus até
o ano de 2013, os dados de mortalidade apontam que, entre 2009 e 2013, o câncer
de próstata matou 604 pessoas, no Estado, mais de cem por ano.
Entre as cidades do Amazonas, Manaus foi a que mais
apresentou mortes, 376 no total, o equivalem a 62,2% de todos os óbitos
notificados.
Os idosos também são maioria entre as vítimas
fatais da doença. De 2009 a 2013, 561 (92,8%) homens com idades de 60 a 80 anos
ou mais morreram em decorrência de complicações da doença.
Quanto menor o nível de escolaridade do paciente,
maior a incidência de mortes. Dos 604 mortos pelas doenças, no período, 272
haviam frequentado a escola por um a sete anos.
Entre os anos analisados, 2013 foi que o registrou
mais mortes por câncer de próstata, no Estado, 164 no total. Em segundo lugar
no ranking esteve 2011 (130); seguido por 2012 (125); 2010 (97); e 2009 (88).
Segundo a coordenadora do Programa Saúde do Homem
da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Patrícia Oliveira é cultural os
homens adotarem postura de “superman” e não cuidarem da saúde. “Devido
essa resistência, os homens vivem, em média, sete anos menos que as mulheres”,
afirmou.
Para tentar combater a aversão dos homens ao
consultório médico, a Semsa, segundo a coordenadora, tem atuado no
enfrentamento de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e obesidade. O
objetivo é fazer com que os homens se familiarizem com a rotina de cuidados com
a saúde.
Diferente do que muitos podem pensar, o homem que
busca atendimento é atendido inicialmente por um médico clínico geral que, após
ouvir o paciente solicita exames e, caso necessário o encaminha para um
especialista. “O Ministério da Sáúde preconiza que os homens entre 20 e 59 anos
sejam estimulados a ir ao médico, para que se cuidando agora a ele seja um
idoso saudável, daqui 40 anos”, afirmou Oliveira.
“O homem
precisa adquirir o hábito de cuidar da própria saúde de forma integral. E as
Unidades de Saúde estão estabelecendo estratégias para garantir que o público
masculino seja atendido de acordo com as suas necessidades, fazendo com que se
sintam como parte integrante da rede de saúde”, reforça a técnica responsável
pelo programa de Saúde Homem, no Disa Sul, enfermeira Ana Maria Jezini.